No final de 2023, o Operador do Sistema de Eletricidade (ESO) propôs uma alteração no Mecanismo de Balanço por meio da P462. A P462 foi criada para modificar a forma como geradores subsidiados precificam suas Ofertas no Mecanismo de Balanço, podendo gerar uma economia de £518 milhões aos consumidores até 2030. No entanto, essa mudança pode trazer custos para baterias e outras tecnologias de armazenamento.
Neste artigo, explicamos o que é a P462, por que está sendo introduzida e como pode impactar o armazenamento de energia em baterias.
O que é a P462?
A P462 é uma modificação do Código de Balanço e Liquidação, formalmente intitulada “Remoção de subsídios dos preços das Ofertas no Mecanismo de Balanço”. O objetivo é retirar o custo da perda de subsídios dos preços das Ofertas de tecnologias como a energia eólica no Mecanismo de Balanço.
Os geradores reduzem sua produção ao receber uma Oferta no Mecanismo de Balanço. Os principais subsídios renováveis, a Renewable Obligation (RO) e os Contratos por Diferença (CfD), são pagos sobre a geração medida. Portanto, quando geradores subsidiados recebem uma Oferta, eles perdem o subsídio.
Isso faz com que esses geradores levem em conta a perda dos subsídios ao precificarem suas Ofertas negativamente. Assim, recebem um pagamento pela Oferta, compensando a perda do subsídio.
A P462 propõe liquidar esses subsídios por meio de uma nova metodologia, rompendo o vínculo com a geração medida.
Por que a P462 está sendo introduzida?
O principal objetivo da P462 é reduzir o custo total de balanço do sistema. Ao aumentar os preços das Ofertas dos geradores subsidiados, o ESO acredita que isso forçará outras unidades a aumentarem também seus preços de Oferta, gerando economia para os consumidores.
Subsídios atualmente distorcem os preços das Ofertas
O efeito dos subsídios nos preços das Ofertas é evidente ao analisar a média dos preços das Ofertas aceitas para diferentes tecnologias em 2024.

- Usinas termelétricas, como as CCGTs, incluem economias de combustível e carbono em suas Ofertas, resultando em preços positivos.
- Geradores renováveis subsidiados, como a energia eólica, precificam suas Ofertas de forma negativa para compensar a perda do subsídio.
- Baterias, que não enfrentam essas perdas de subsídio, normalmente têm preços de Oferta intermediários.
Se a P462 for implementada, os preços das Ofertas para energia eólica devem se tornar menos negativos, pois não precisarão mais levar em conta o valor perdido do subsídio. Atualmente, esses geradores apresentam uma variedade de preços de Oferta vinculados ao subsídio recebido.

Essa mudança, por sua vez, aumentaria o preço mínimo das Ofertas recebidas por baterias e armazenamento bombeado, especialmente durante períodos de alta geração eólica. Até agora, em 2024, isso representaria uma economia estimada de £92 milhões em custos do Mecanismo de Balanço, compensada por um aumento de £74 milhões nos custos de subsídio.

A introdução da P462, portanto, pode gerar economia para os consumidores. Contudo, muitos projetos de armazenamento foram desenvolvidos com base em previsões de preços de Oferta mais baixos, especialmente na Escócia. A mudança pode impactar a viabilidade desses projetos.
Próximos passos para a P462
Atualmente, a P462 está na fase de grupo de trabalho, com partes interessadas avaliando seus possíveis impactos e benefícios. A proposta final deve ser enviada à Ofgem, o órgão regulador de energia, em abril de 2025. O resultado dessa proposta determinará se as mudanças sugeridas pela P462 serão implementadas e como irão remodelar a dinâmica de preços dentro do Mecanismo de Balanço.
O maior impacto no custo do armazenamento em baterias será na Escócia
A modificação proposta afetaria as baterias, que precisariam aumentar os preços das Ofertas em períodos de alta geração eólica ou aceitar um volume menor de despachos. Atualmente, as baterias reduzem significativamente seus preços de Oferta nesses períodos.



