A Ofgem confirmou que 77 projetos, totalizando 28,7 GW, passaram pela primeira etapa de elegibilidade na Janela 1 do esquema Cap & Floor para Armazenamento de Energia de Longa Duração (LDES).
As baterias de íon-lítio (Li-ion) dominam, mas projetos de hidrelétricas reversíveis e baterias de fluxo também avançaram.
Esses projetos agora avançam para a fase de Avaliação de Projetos, e a Ofgem (com o apoio da NESO) irá realizar a Avaliação Multicritério (MCA) para decidir quem receberá apoio.
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Quais tecnologias LDES estão na disputa?
Dos 171 projetos LDES (52,6 GW) que se inscreveram, 77 projetos (28,7 GW) passaram na etapa de elegibilidade e agora enfrentam a avaliação multicritério.
O Li-ion domina com mais de 20 GW de projetos elegíveis, representando dois terços da capacidade total aprovada.
Quanta capacidade pode conquistar contratos
A Ofgem ainda não definiu um número. O volume final que estará disposta a contratar vai depender dos resultados da MCA, da modelagem atualizada do sistema pela NESO e da avaliação sobre o valor para o consumidor.
A Ofgem levará em conta a diversidade tecnológica durante a avaliação. Pode ajustar a lista final para evitar dependência excessiva de uma única tecnologia, o que pode significar substituir alguns projetos de baterias Li-ion por hidrelétricas reversíveis ou esquemas de baterias de fluxo.
Escala dos projetos LDES e diversidade tecnológica
Os projetos LDES elegíveis variam bastante em tamanho, de apenas 50 MW até quase 2 GW. Por exemplo, entre os maiores estão mega-projetos como Nexus 1 (1,8 GW Li-ion), Earba (1,8 GW hidrelétrica reversível) e Coire Glas (1,45 GW hidrelétrica reversível).
Dez projetos alcançam ou superam 1 GW cada. Apenas alguns poucos locais muito grandes representam um terço do mix de capacidade elegível.
Nesta etapa, a Ofgem publicou apenas a capacidade de potência (MW). Os projetos já enviaram dados de duração e energia (MWh) para a próxima avaliação, mas a Ofgem não informou se esse nível de detalhe será divulgado publicamente.
Para passar na elegibilidade, os projetos precisavam de um requisito de duração de oito horas em potência máxima. Isso significa que pelo menos 230 GWh de capacidade energética estão atualmente elegíveis ao esquema. No entanto, espera-se que alguns projetos tenham durações ainda maiores, como o Coire Glas da SSE, com 23 horas.
Trilhas e cronogramas de entrega
Os projetos estão divididos em duas trilhas, de acordo com a previsão de início de operação. A Ofgem e o Governo definiram as janelas de entrega, mas os desenvolvedores escolheram em qual trilha se inscrever:
- Trilha 1 (até 2030): 71 projetos, 24,5 GW
- Trilha 2 (até 2033): 6 projetos, 4,2 GW
Com 24,5 GW planejados até 2030, a trilha 1 está fortemente concentrada no início, reforçando o papel do esquema no cumprimento das metas de Energia Limpa para 2030.
A Ofgem avaliará todos os projetos elegíveis ao mesmo tempo, mas sua metodologia naturalmente favorece esquemas que podem ser entregues mais cedo. Assim, os projetos da Trilha 1, previstos para até 2030, provavelmente terão prioridade por estarem alinhados com as metas de Energia Limpa do Governo para 2030.
A capacidade de entrega é parte central da Avaliação Estratégica, e a Ofgem irá analisar quão preparados estão os desenvolvedores para cumprir o prazo de sua trilha.
O framework: três testes que todo projeto LDES deve passar
A seleção Cap & Floor para LDES é baseada em uma avaliação "abrangente" que combina os resultados de Avaliações Econômica, Estratégica e Financeira.
Na prática, a abordagem "abrangente" significa que a Ofgem irá considerar o quadro completo, sem se basear em uma única pontuação, e cada avaliação não possui peso fixo.
1. Avaliação Econômica
A Avaliação Econômica estima os benefícios que cada projeto irá entregar, abrangendo impactos monetizados e não monetizados.
O núcleo é a Relação Benefício-Custo (BCR), que compara benefícios monetizados com os custos do projeto. Esses elementos incluem mudanças nos preços no atacado, gestão de restrições, segurança do suprimento e custos do projeto. A Ofgem então ajusta a classificação para fatores não monetizados, como:
- evitar desperdício de energia,
- flexibilidade em tempo real,
- benefícios operacionais, e
- impactos sociais ou ambientais mais amplos.
A Ofgem ajusta o BCR usando o método de “swing-weighting”. Isso significa dar mais peso aos impactos não monetizados onde há maior diferença entre projetos, para que essas diferenças influenciem a classificação final.
2. Avaliação Estratégica
Esta etapa verifica se o portfólio como um todo está alinhado com os objetivos nacionais. São analisados:
- Diversidade tecnológica,
- Diversidade de localização,
- Riscos de entrega e de estouro de custos,
- Robustez em diferentes Cenários Futuros de Energia (FES) e anos climáticos.
3. Avaliação Financeira
Esta etapa elimina projetos LDES que provavelmente ficarão abaixo do piso (ou seja, que exigiriam subsídio contínuo ao consumidor).
- As receitas esperadas (arbitragem, reotimização, serviços ancilares, Mecanismo de Balanço não-energético, Mercado de Capacidade) são comparadas como percentual do piso.
- Um modelo financeiro cap & floor define os níveis do corredor, e um “re-optimisation uplift” é aplicado para captar o valor intradiário e do Mecanismo de Balanço.
Ou seja, projetos BESS que consigam demonstrar receitas de reotimização elevadas, forte posicionamento em serviços ancilares e eficiência de custos terão melhor pontuação.
Próximos passos
Os projetos elegíveis têm até 18 de novembro de 2025 para enviar seus formulários de dados e evidências. A Ofgem irá publicar uma Lista Inicial de Decisões na primavera de 2026, seguida pela concessão final dos contratos cap & floor no verão de 2026.
Para os desenvolvedores, o recado é claro: além de custo e eficiência, evidências de capacidade de entrega, reotimização e operacionalidade do sistema serão decisivas. Para o sistema britânico, o resultado definirá como 28,7 GW de armazenamento de longa duração competirão para garantir um piso de receita respaldado pelo consumidor.



