O ABSVD impede que a energia despachada para fornecer serviços de balanceamento seja sujeita a encargos de desequilíbrio. No entanto, atualmente ele é aplicado apenas a metade da frota de armazenamento de energia em baterias, o que está gerando algumas consequências indesejadas.

Neste artigo, analisamos exatamente o que está acontecendo e como isso está afetando o mercado de serviços de resposta de frequência.

Alerta de Spoiler

• O ABSVD atualmente só é aplicado a ativos primários registrados no BM que fornecem resposta de frequência.
• Isso basicamente inverte os custos de fornecer serviços de resposta de frequência entre baterias BM e secundárias/não-BM.
• Ajustes do ABSVD são feitos, em última instância, pela Elexon através do processo de liquidação, e não diretamente pelo National Grid ESO.
• Esse processo torna mais demorado o recebimento dos volumes corretos de desequilíbrio com o ABSVD aplicado – podendo levar até 5 meses.

O que é ABSVD?

ABSVD significa Applicable Balancing Service Volume Data (Dados de Volume de Serviço de Balanceamento Aplicável). Isso pode não significar nada para você (e você não estaria sozinho), mas acabou se tornando bastante importante para o armazenamento de energia em baterias.

Basicamente, é o mecanismo que impede que o armazenamento de energia em baterias e outros ativos sejam penalizados por encargos de desequilíbrio sobre os volumes de energia entregues via serviços de balanceamento. Para uma introdução completa ao ABSVD, você pode ler nosso artigo anterior sobre o tema aqui.

Parece simples, certo? Bem, infelizmente, não é bem assim.

O armazenamento de energia em baterias pode se registrar no Mecanismo de Balanceamento (“BM”) – o que basicamente lhe dá um vínculo direto com a sala de controle do National Grid ESO. Ao fazer isso, torna-se uma “unidade BM”, enquanto baterias que não se registram permanecem como “unidades não-BM”.

Se o seu ativo está registrado no BM, isso pode ter implicações importantes quando se trata de ABSVD.

ABSVD atualmente cobre apenas cerca de metade da frota de armazenamento de energia em baterias

O mais importante a saber sobre o ABSVD é:

O ABSVD para serviços de resposta de frequência atualmente cobre apenas ativos primários registrados no BM e não se aplica a ativos secundários/não-BM.

No restante do artigo, analisamos por que isso acontece e os efeitos sobre o armazenamento de energia em baterias.

Por que o ABSVD está sendo aplicado apenas a ativos primários registrados no BM?

Existe um processo para que o ABSVD seja aplicado a ativos secundários e não-BM, mas atualmente isso não se estende a nenhum serviço de resposta de frequência. A metodologia completa pode ser encontrada aqui, que inclui esta explicação:

Os volumes de utilização de Dynamic Containment não-BM, Dynamic Moderation não-BM e Dynamic Regulation não-BM serão determinados de acordo com a frequência do sistema e a característica do serviço de resposta. Isso será incluído assim que for tecnicamente viável e o desenvolvimento do sistema estiver completo.

A razão mais provável para isso é que o ABSVD historicamente foi aplicado ao Mandatory Frequency Response, que está disponível apenas para unidades primárias BM. Isso fornece um processo já existente para adaptar os novos serviços dinâmicos aos ativos registrados no BM, mas não para ativos secundários e não-BM.

O National Grid ESO já indicou que pretende introduzir o ABSVD para ativos não-BM, mas ainda não há previsão de quando isso acontecerá. No entanto, foi declarado que, uma vez introduzido, não será aplicado retroativamente para ativos não-BM.

Como isso afeta o mercado de serviços de resposta de frequência?

Como o ABSVD não é aplicado a todos os ativos de bateria, isso cria uma grande diferença nos custos de fornecimento dos serviços dinâmicos de resposta de frequência para ambos os tipos de ativos.

Por exemplo, um ativo primário BM realizando Dynamic Regulation High teria a energia importada isenta dos custos de desequilíbrio (ou seja, é gratuita). Isso foi significativo para levar os preços do serviço a zero em alguns momentos, como explicado neste artigo, já que essa energia tem valor para a bateria se for vendida depois. Enquanto isso, o ativo secundário/não-BM precisaria pagar o custo total de desequilíbrio por essa energia (e, portanto, o serviço é caro).

A Figura 1 abaixo ilustra como o ABSVD inverte completamente o valor da energia entregue por cada serviço, dependendo se o ativo é registrado no BM ou não.

Neste exemplo, o preço no mercado atacadista é 200 £/MWh. O Dynamic Regulation High proporcionará um valor de 26 £/MWh para a bateria primária registrada no BM, além de qualquer taxa de disponibilidade. No entanto, o mesmo serviço custa à bateria não-BM 26 £/MWh para operar!

Vemos isso na prática, já que durante o verão observamos baterias BM (como Contego) operando apenas no Dynamic Regulation High, enquanto baterias não-BM (como Mannington) estavam realizando tanto os serviços high quanto low.

O valor (ou custo) de cada serviço tem uma relação linear com o preço da energia – se os preços atacadistas caírem para £100/MWh, o valor e os custos associados também serão reduzidos pela metade.

O ABSVD tem um impacto menor no Dynamic Containment e no Dynamic Moderation, pois esses serviços têm menor utilização do que o Dynamic Regulation. No entanto, ainda assim, vemos as mesmas inconsistências entre participantes BM e não-BM.

Por que está demorando tanto para o ABSVD cobrir ativos secundários e não-BM?

Esse atraso provavelmente é causado pela complexidade do próprio processo do ABSVD. Isso também explica por que esses dados demoram para chegar aos fornecedores (falaremos mais sobre isso adiante).

A principal complicação é que o ABSVD é aplicado através do processo de liquidação, administrado pela Elexon, e não diretamente pelo National Grid ESO. Tecnicamente, não há ‘pagamentos’ ou ‘cobranças’, apenas ajustes no volume de desequilíbrio da unidade.

A Figura 2 abaixo ilustra todo o processo para que o otimizador ou fornecedor do ativo receba, finalmente, os dados corretos de desequilíbrio.

Para que a Elexon aplique corretamente o ABSVD em seu processo de liquidação, ela precisa que o National Grid ESO forneça os dados sobre os ajustes a serem feitos para cada ativo e cada período de meia hora. Esses fluxos de dados são todos configurados no processo de registro de um ativo no BM, mas não para unidades não-BM. É isso que está causando o atraso na ampliação do ABSVD para todo o mercado de armazenamento de energia em baterias.

Os volumes calculados pelo National Grid ESO e repassados à Elexon são baseados no serviço, tamanho do contrato e frequência, conforme medido pelo National Grid ESO. Nenhum dado é exigido do ativo para que esse processo funcione.

O que mais é importante saber sobre o ABSVD?

O ABSVD é aplicado por meio do processo de liquidação e, portanto, está sujeito aos mesmos prazos desse processo. Isso acaba causando atrasos para que os operadores recebam os encargos de desequilíbrio corretos.

A liquidação é realizada em uma série de ‘rodadas’, um número fixo de dias após o próprio dia em questão. O objetivo disso é permitir que alterações em medições e outros dados sejam processadas no sistema de liquidação. A Figura 3 mostra os prazos dessas rodadas de liquidação.

Após a primeira rodada de liquidação, é emitido um extrato completo e os pagamentos são coletados pela Elexon ou pagos por ela. Quaisquer ajustes são feitos em rodadas posteriores.

O National Grid ESO afirmou que realiza o processo de cálculo dos volumes do ABSVD e repassa esses dados à Elexon mensalmente. Isso significa que esses dados provavelmente não chegam à Elexon a tempo para a primeira rodada principal de liquidação, e assim não chegam ao fornecedor até pelo menos dois meses depois.

Isso faz com que o otimizador assuma o risco de que essas reconciliações eventualmente serão feitas, tendo que decidir como repassar isso aos proprietários.